Cantigas
de Satíricas
As cantigas satíricas utilizavam, como temas,
os costumes clericais, a covardia, a decadência de alguns nobres, os vilãos
(habitantes das vilas medievais) e o adultério das damas. De forma mais
genérica, estas cantigas tinham como característica central a crítica para
certa pessoa com existência real a qual consistia em alguém próximo ao trovador
ou da mesma classe social que ele. É dividida em dois tipo escárnio e maldizer.
Ø
Escárnio:
Na cantiga de escárnio, os
trovadores fazem críticas de forma indireta e velada, através de trocadilhos,
da ambiguidade e ironia. O eu-lírico faz uma sátira a alguma pessoa. Essa
sátira era indireta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escárnio (ou
"de escarnho", na grafia da época) definem-se, pois, como sendo
aquelas feitas pelos trovadores para dizer mal de alguém, por meio de
ambiguidades, trocadilhos e jogos semânticos, num processo que os trovadores
chamavam "equívoco". O cômico que caracteriza essas cantigas é
predominantemente verbal, dependente, portanto, do emprego de recursos
retóricos. A cantiga de escárnio exigindo unicamente a alusão indireta e
velada, para que o destinatário não seja reconhecido, estimula a imaginação do
poeta e sugere-lhe uma expressão irônica, em bora, por vezes, bastante mordaz. Exemplo de cantiga de
escárnio:
*Crítica indireta; normalmente a
pessoa satirizada não é identificada.
*Linguagem trabalhada, cheia de
sutilezas, trocadilho e ambiguidades.
*Ironia.
Ø
Maldizer:
São agressivas, abertamente eróticas, a sátira é expressa de forma direta, sem
meias palavras, chegando a usar termos chulos. As cantigas de maldizer embora
sejam muito semelhantes às de escárnio, trazem como principal diferença a
crítica direta, muitas palavras de baixo calão são utilizadas, existe a grosseria,
ironia e o uso de termos pejorativos, a revelação do nome da pessoa satirizada
é revelado com mais frequência além de ser uma poesia geralmente direcionada a
nobres, políticos, pessoas pretenciosas e até cristãos da época.
1.
Cantiga
de Escárnio;
“Ai dona fea! Foste-vos queixar
porque vos nunca louv’en meu trobar
mais ora quero fazer um cantar
en que vos loarei toda via
e vedes como lós quero loar:
dona fea, velha e sandia.”
Obs: Essa cantiga não fornece o nome
do criticado (cantiga de escárnio), mas faz uma referencia direta e sem
ambiguidade ao que deseja criticar: velhice e feiura da destinatária da
mensagem.
2.
Cantiga
de Maldizer;
“Martim
Gil, um omen vil
se quer de vós querelar;
que o mandaste atar
cruamente a um esteo
dando-lhe açoutes bem mil;
aquesto, Martim Gil,
parece a todos mui feo.”
Fontes de Pesquisa